51 melhores filmes de terror de 2022

Chegamos ao fim de mais um ano extraordinário para o gênero de horror.

Desde 2014, eu busco todo final de ano publicar uma lista que não só exalte o que tem sido feito de excelência no terror, mas que também sirva para compartilhar a sua pluralidade e a sua multiculturalidade. Neste ano, o gore voltou a dominar muitos dos filmes mais divertidos do ano, assim como a música e a relação de compositores com sua própria arte. O cinema experimental ganhou destaque, além do assustador clima teocrático do Brasil.

A seguir, eu listei os meus 51 filmes de terror favoritos de 2022. Espero que se tornem os seus também.

51. Glorious, de Rebekah McKendry

“O inferno é onde estou”

É sobre um homem que encontra um demônio dentro de um banheiro de gasolina de um posto. Essa tresloucada experiência de Rebekah McKendry tem dificuldade de criar um personagem minimamente identificável, porém sua natureza Lovecraftiana nos leva para uma jornada curiosa.

Disponível: Shudder e VOD.

50. Moloch, de Nico van den Brink

Mais um interessante esforço do diretor Nico van den Brink, que havia conhecido em The Burden. Aqui, um terror sobre heranças antigas que lhe perseguem até sua humanidade desaparecer. A história gira em torno de uma mulher e sua família que são atacados por um estranho uma noite.

Disponível: Shudder e VOD.

49. Last Radio Call, de Isaac Rodriguez

Um policial desaparece num hospital abandonado e sua esposa tenta encontrá-lo. O filme de Isaac Rodriguez tem muita coisa interessante – desde a sequência inicial do ponto de vista dos policiais até a filmagem mais recente na qual eles se deparam com um espírito malévolo. Jump scares funcionam muito bem, mas há um vácuo de personalidade na história principal. Eu amo filmagens encontradas e mockumentarys, então funciona para mim.

Disponível: VOD.

48. Prey, de Dan Trachtenberg

Do mesmo diretor de 10 Cloverfield Lane, a nova versão de Predador acompanha uma guerreira Comanche que decide ir para as selvas encontrar e matar o que está aterrorizando seu povo.

Disponível: Star Plus.

47. Fresh, de Mimi Cave

Tentando encontrar alguém, Noa dá seu telefone para um estranho charmoso no supermercado, após ter azar com apps. Esse filme de Mimi Cave começa com um tom superficial e passa a crescer no segundo ato, de acordo com a interação dos personagens com aquele mundo bizarro, repulsivo e, às vezes, estranhamente cínico. É possível perceber um q de Mother’s Milk com A Pele que Habito.

Disponível: Star Plus.

46. Men, de Alex Garland

Após uma tragédia pessoal, Harper se retira sozinho para o belo interior da Inglaterra, na esperança de encontrar um lugar para se curar. Mas alguém ou algo da floresta ao redor parece estar perseguindo-a. Visualmente, um filme atmosférico e interessante; mas apenas visualmente. Garland pode subestimar seu público e oferecer um retrato condescendente, em boa parte do tempo.

Disponível: Amazon Prime.

45. Adult Swim Yule Log, de Casper Kelly

Um filme sobre um tronco amaldiçoado que mata youtubers e podcasters numa cabana reservada no Airnb, a qual também foi invadida por um assassino mascarado. E é tão divertido quanto parece.

Disponível: VOD.

44. Christmas Bloody Christmas, de Joe Begos

Um Papai Noel robótico enlouquece e começa uma matança desenfreada em uma pequena cidade. Tem a personalidade de um filme de Joe Begos: o caos, a gritaria, o sangue, o rock n’ roll e a violência.

Disponível: Shudder e VOD.

43. Torn Hearts, de Brea Grant

Uma promissora dupla country procura a mansão isolada de uma ex-estrela da música country que se tornou reclusa. É um terror sobre repressão. O novo filme da interessante Brea Grant, de 12 Hour Shift, carrega o mesmo tom reprimido que o de suas protagonistas – desesperadas para serem reconhecidas por suas particularidades.

Disponível: Globoplay e Amazon Prime.

42. El páramo, de David Casademunt

O Páramo, novo filme da Netflix, traz a familiaridade do folk horror de filmes como Hagazussa, The Wind e tantos outros. Uma mãe e um filho observam o pai partir, após a família ter o contato com a morte e o mundo exterior, o qual procuravam deixar bem longe. A medida que os dias passam, o terror do isolamento, da violência repentina e da sugestão da perda se intensificam.

Disponível: Netflix.

41. A Wounded Fawn, de Travis Stevens

Como outros filmes de Travis Stevens, tal qual Girl on the Third Floor ou Jakob’s Wife, é um filme imprevisível na temática, espirituoso e sua atmosfera tem criatividade. A primeira metade é menos interessante que a segunda, onde Stevens parece emergir para um filme de Panos Cosmatos ou Steven Kostanski. É sobre um serial killer aficionado por arte e que se torna servo de uma entidade.

Disponível: Shudder e VOD.

40. Significant Other, de Robert Olsen e Dan Berk

Surpreendente, este novo filme da dupla de diretores de Villains parece ter sido baseado numa obra perdida de Lovecraft. Com algumas cenas inesquecíveis, como a do alto de um monte ou envolvendo um tubarão, Significant Other é uma ficção científica de terror muito bem desenvolvida sobre um casal que se aventura pelas montanhas de um lugar com atividade extraterrestre.

Disponível: VOD.

Photo credit: Paramount +

39. All My Friends Hate Me, de Andrew Gaynord

Um encontro entre antigos amigos que não são mais quem eram no colegial. Há algo de desconfortável em All My Friends Hate Me que nos coloca diante de pessoas inseguras quanto ao tempo. Enquanto a paranoia crescente do filme é alimentada por um protagonista em constante autodestruição, as gags passam a atormentar o espectador sedento por uma conclusão. É um filme curiosíssimo, no mínimo.

Disponível: Hulu e VOD.

38. We’re All Going to the World’s Fair, de Jane Schoenbrun

Sozinha no seu quarto/sótão, Casey evidencia o seu mundo triste cheio de dúvidas e adereços através da bela direção de arte do filme de Jane Schoenbrun. Casey é a testemunha de uma geração de jovens solitários, depressivos e ancorados num mundo de horror dominado pela internet, que clama sua vida e sua alma.

Disponível; VOD.

37. The Last Thing Mary Saw, de Edoardo Vitaletti

O cristianismo pode ser uma coisa assustadora.

Disponível: Amazon Video.

36. Deadstream, de Joseph Winter e Vanessa Winter

Ajudem! Por favor. Estou morrendo e nem sei dizer se isso está sendo transmitido ao vivo!

Divertido filme de Joseph e Vanessa Winter sobre um influencer que decide passar a noite numa casa mal assombrada. Jump scares eficientes e um personagem antipático na medida.

Disponível: VOD.

35. Scream, de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett

É tudo sobre os fãs. Um filme sobre fandom. Um olhar cheio de admiração pelo passado da franquia, mas que também consegue projetar o futuro. Gostei mais na segunda vez que assisti.

Disponível: Amazon Prime Video e Globoplay.

34. Smile, de Parker Finn

Como já havia demonstrado nos curtas Laura Hasn’t Slept e The Hidebehind, Parker Finn é da mesma escola de David Bruckner e Ari Aster – e a influência de ambos é perceptível na narrativa.  Smile, acima de tudo, é um filme sobre traumas que nos acompanham até o fim de nossas vidas e como as pessoas tentam se afastar a medida que você enfrenta seu próprio trauma, pois elas não querem se envolver. É também uma expressão de angústia bastante presente no atual cinema de horror norte-americano que descreve o nosso contato com a morte e o quanto acabamos sendo moldados por esse contato.

Disponível: Amazon Video.

33. Pahanhautoja, de Hanna Bergholm

Uma menina de 12 anos encontra um estranho ovo. Ela passa a criar o animal que nasce. Hanna Bergholm cria uma bela e violenta fábula sobre ligação e criação.

Disponível: Hulu e VOD.

32. The Cursed, de Sean Ellis

Se passa no século XIX. Após o assassinato de ciganos, uma vila passa a ser assolada por uma maldição. Há cenas memoráveis neste filme de Sean Ellis, como o Espantalho sendo forjado por violentos ingleses ou aquele em que as almas amaldiçoadas aparecem literalmente dentro do corpo do animal. A lenda ecoa no contexto capitalista, onde os ricos latifundiários herdam o passado de sangue das terras.

Disponível: Hulu e VOD.

31. Alone with You, de Emily Bennett e Justin Brooks

“Eu estou trancada no meu apartamento e quero sair”

Enquanto a protagonista toma banho numa banheira, uma sombra passeia pelo apartamento e só nós, o público, a percebemos. Alone with You é um filme cuja atmosfera reproduz ecos, traumas e memórias tóxicas. É verdade que os diálogos presentes aqui e ali, entre mãe e amigos, não fazem jus ao que se passa dentro do estúdio que nossa personagem vive, onde silhuetas fantasmagóricas são observadas e retratos que se movem prendem a nossa atenção. Porém, a atmosfera onírica do filme consegue indicar através de alucinações e suspense o que de fato pode ter acontecido entre um casal de mulheres.

Disponível: Shudder e VOD.

30. Flux Gourmet, de Peter Strickland

“O silêncio do público é aquilo que mais me amedronta. Eu faço qualquer coisa que possa quebrá-lo”.

O esquisito cinema de Peter Strickland é capaz de lembrar, em seus próprios termos, a influência de Cronenberg no grotesco. Essa personalidade reside no interesse pela arte performática, no desconforto e na sua potência, além do interesse no impacto do som, que deixa o espectador constantemente inquieto e curioso pelo que virá a seguir. Esse é um filme sobre um instituto voltado à culinária performática.

Disponível: Shudder e VOD.

29. Verão Fantasma, de Matheus Marchetti.

Um jovem é atormentado pela lembrança de um amigo que desapareceu. Essa obra linda exala a personalidade de Matheus Marchetti — e o que ele construiu cinematograficamente até aqui. A cena dos personagens cantando Sandy e Junior é uma das mais simpáticas de 2022. Uma opera de horror independente inesquecível.

Disponível: Festivais e Plataforma Floripa Que Horror.

28. Halloween Ends, de David Gordon Green

David Gordon Green finaliza sua trilogia sobre traumas e superações. 

Enquanto o primeiro, sua obra-prima, descreve a superação individual de um trauma 40 anos depois e a influência nas gerações de uma família; o segundo dialoga sobre a paranoia social e como aquilo incide sobre uma comunidade. O terceiro, por sua vez, assimila as mudanças de comportamentos, novas faces do horror e como a juventude se comunica com isso. Forte e eficiente, o terceiro pode não ser brilhante, mas ecoa novamente outros longas-metragens (principalmente o quarto e o quinto filme) da franquia com nostalgia.

Disponível: Amazon Prime Vídeo.

27. Hideous, de Yann Gonzalez

O músico Oliver Sim é o principal convidado de um talk show que logo desliza para uma jornada surreal de amor, vergonha e sangue. Um monólogo de horror poético sobre os medos e traumas que tomam nossa vida e o palco, enquanto outros nos encaram com aversão – além de nós mesmos.

Disponível: Mubi.

26. The Runner, de Boy Harsher

Outro filme musical de uma banda que explora o horror. Esse é como se The Strings fosse dirigido por Tilman Singer. Segue uma mulher enquanto ela viaja para uma pequena cidade onde suas compulsões violentas são lentamente reveladas.

Disponível: VOD.

25. Fall, de Scott Mann

Tem a força dramática comum de filmes que colocam seus personagens presos em situações inusitadas – neste caso, a escalada de uma torre de 600 metros que não sairá como planejado. Mas mais que isso: suas protagonistas têm personalidade e toda a dinâmica do suspense é verossímil. Um bom filme de Scott Mann.

Disponível: Google Play.

24. The Black Phone, de Scott Derrickson

O Telefone Preto carrega a essência de uma história de Stephen King e, agora, de seu filho Joe Hill. Uma história bonita de superação numa cidade americana pequena tomada por algo perverso.

Disponível: Amazon Prime Vídeo.

23. Master, de Mariama Diallo

“Eu jamais fui a Mestre, vocês sempre me enxergaram como a empregada”.

Um filme fortíssimo sobre o racismo silencioso, onde o horror de três mulheres são muito particulares.

Disponível: Amazon Prime Vídeo.

22. Who Invited Them, de Duncan Birmingham

Essa obra de Duncan Birmingham sobre a tênue linha entre o medo e o interesse reverbera no suspense presente em Who Invited Them. Me lembrou um pouco o filme de Patrick Brice, The Overnight, mas com elementos de horror. Entretenimento da melhor qualidade qualidade. E eu adoraria assistir a mais filmes com os personagens de Timothy Granaderos e Perry Mattfeld.

Disponível: VOD e Shudder.

21. The Menu, de Mark Mylod

Esquisito e inesperado – não consigo definir esse horror de Mark Mylod de outra forma. Conta com performances apaixonantes de Ralph Fiennes e Ana Taylor-Joy, além de um clímax interessante e uma estrutura cínica cheia de personalidade. É sobre um chefe que busca fazer uma experiência inesquecível para ele, cozinha e clientes.

Disponível: Cinemas.

20. Skinamarink, de Kyle Edward Ball

O horror experimental norte-americano. Essa obra de Kyle Edward Ball parece ter saído da imaginação de uma criança de quatro anos, cujo impacto visual e sonoro do mundo pode ser assustador. É uma obra que experimenta o cenário simples de um lar cheio de possibilidades dentro da escuridão.

Disponível: VOD.

19. You Are Not My Mother, de Kate Dolan

“Família é a coisa mais assustadora deste planeta”

Um filme sobre desaparecimento. Essa promissora estreia de Kate Dolan evidencia um mundo de uma estranheza aguda e envolvente. A Dublin pobre, entristecida e folclórica de You Are Not My Mother faz com que a protagonista se depare com o horror do abandono, da solidão e da incompreensão. Contém uma das cenas mais assustadoras do ano.

Disponível: Hulu e VOD.

18. La abuela, de Paco Plaza

La Abuela conta a história de uma modelo de Paris que precisa voltar ao seu antigo lar, em Madri, para cuidar de sua avó, que sofreu um derrame e precisa de alguém para poder viver… Essa trama sombria de Paco Plaza – sobre herança e prisão – é uma das melhores de sua carreira. O terceiro ato é visualmente extraordinário e traz algumas das sequências mais apavorantes deste ano.

Disponível: HBO Max.

17. Mlungu Wam, de Jenna Cato Bass

Na África do Sul pós-apartheid, Tsidi, uma mãe solteira, é forçada a morar com sua própria mãe distante, Mavis, uma empregada doméstica que cuida obsessivamente de sua catatônica “madame”. A sequência inicial dita a força da narrativa, ao abordar a limpeza tortuosa como uma experiência maldita e herdada. O horror subserviente e constituído em rituais simples: é assim que Good Madam (título americano), de Jenna Cato Bass, torna-se um filme provocativo, incomodativo e poderoso.

Disponível: Shudder e VOD.

Photo Credit: GERHARD KOTZE

16. Incantation – ‘咒’, de Kevin Ko

Irmão do excelente The Medium, esse terror sobre uma mãe que profana um ritual chinês reforça a força atual dos falsos documentários orientais.

Disponível: Netflix.

15. Shapeless, de Samantha Smith

Shapeless é um horror corporal muito forte e envergonhado de uma mulher complexa, que quer esconder sua condição – e a diretora Samantha Smith consegue evocar isso quando mostra a protagonista quase fora das telas. Afinal, Ivy está sempre encolhida ou submissa em cena. As paredes a comprimem. Seu apartamento a comprime. A realidade é dolorosa.

Disponível: VOD.

14. Terrifier 2, de Damien Leone

Damien Leone bringing the 70’s back!

Divertido, insano e cheio de violência, Leone faz um novo clássico do gore. Art The Clown provando óculos de sol é uma das cenas do ano.

Disponível: VOD e nos cinemas no dia 29 dez.

13. The Eternal Daughter, de Joanna Hogg

Uma artista vai até um hotel que já foi a casa de sua mãe para uma última experiência familiar. Um exemplo inteligente do horror gótico inglês, que conserva o passado como algo obscuro e muitas vezes traumático. Assombrações, afinal, podem ser projetadas de dentro pra fora. Podem partir de nós. No filme de Joanna Hogg mora uma rudeza muito peculiar e a diretora é capaz de expor cenários decadentes que ressoam como se as estruturas da personagem de Tilda Swinton estivessem todas desabando. É uma obra que explora medos muito pessoais – silenciosos e simples.

Disponível: VOD.

12. Historia de lo oculto, de Cristian Ponce

Esse sci-fi argentino de horror carrega a paranoia de Pi (de Aronofsky), o ocultismo de A Noite do Demônio (de Jacques Tourneur) e o clima jornalístico de Boa Noite Boa Sorte (de George Clooney). É uma obra interessantíssima sobre um programa de jornalismo investigativo que se depara com uma seita que pode estar conspirando para acabar com o futuro da humanidade.

Disponível: Netflix.

11. Nope, de Jordan Peele

O horror alienígena de Peele. Se isso é possível, eu vi uma obra que em alguns momentos parecia uma cruza entre Shyamalan e Spielberg.

Disponível: Amazon Prime Vídeo.

10. ‘Gæsterne’ (Speak No Evil), de Christian Tafdrup

O horror pode ser naturalmente familiar, envolvente e nos mergulhar numa relação extremamente desconfortável sem esforço algum. O filme de Christian Tafdrup emerge a inadequação das diferenças humanas numa casa de campo de forma perceptiva, fundamentando um terceiro ato ainda mais inusitado e violento.

Disponível: Shudder e VOD.

9. X, de Ti West

Em 1979, um grupo de jovens cineastas decidiu fazer um filme adulto na zona rural do Texas, mas quando seus anfitriões idosos e reclusos os pegam em flagrante, o elenco se vê lutando por suas vidas.

Há inúmeros subtextos em X, os quais podem ir desde a metalinguagem até o horror vivido pela opressão daqueles personagens. Quando você o compara com Pearl, isso fica ainda mais significativo e forte. Como certas coisas simplesmente se repetem. Diálogos do passado, personalidades, problemas similares, heranças e repetições de comportamento, tudo volta. Tudo é cíclico. Como o desejo. Como a vontade de sentir o contato novamente. A maneira como Ti West transforma isso em algo perverso é extraordinário. O cineasta se permitiu ter criativamente um ano extraordinário.

Disponível: Amazon Prime Vídeo.

8. Barbarian, de Zach Cregger

Há vários pequenos filmes, em Barbarian, que parecem formar uma antologia. Isso se deve muito à direção extraordinária, que subverte expectativas a todo o momento e inicia novos momentos numa mesma história, assim trazendo o suspense do início de uma relação inusitada, o gore de uma trama de violência e a graça do bizarro.  Certamente não é um filme plausível. Mas por que seria? Por que precisaria ser? O cineasta Zach Cregger é autoconsciente da obra que tem, mudando-a conforme suas necessidades. A premissa é simples: uma mulher tem uma entrevista de emprego numa cidade e se hospeda numa casa estranha num bairro criminoso.

Disponível: Star Plus.

7. You Won’t Be Alone, de Goran Stolevski

Um terror sobre transformações, fragilidades e dor, You Won’t Be Alone testemunha a história de duas bruxas com diferentes pontos de partida: uma delas ainda na busca pelo prazer, pela experimentação e pelo amor pela vida; enquanto, outra, procura apenas não ficar sozinha – independente dos meios para isso.

Doloroso e contemplativo, a obra de Goran Stolevski traz ecos de longas-metragens como Lifechanger e Hagazussa.

Disponível: VOD.

6. Hellbender, de Toby Poser, John Adams e Zelda Adams

Gradualmente, a família Adams – Toby, Zelda e John – está fazendo seu nome no gênero de terror. Um dos melhores terrores do ano é sobre uma adolescente e uma mãe – unidas pelo sangue, pela sede de sangue e pela bruxaria.

Disponível: Shudder e VOD.

5. What Josiah Saw, de Vincent Grashaw

Um filme sobre maldições. O horror genuíno sobre aqueles que encontram o inferno enquanto vivem.

Disponível: Shudder e VOD.

4. Resurrection, de Andrew Semans

Rebecca Hall é a melhor atriz de sua geração e confirma isto em Ressurreição oferecendo um poderoso testemunho sobre a nossa fragilidade frente a um passado que nos tira toda a vitalidade.

Disponível: Amazon Prime Video.

3. Pearl, de Ti West

Há uma plasticidade e uma poesia em Pearl que evidencia a evolução de Ti West como autor. De A Casa do Diabo à este excelente Pearl, ele nos reverencia com sua habilidade para evocar assombro, tristeza e singularidade. 

Pearl traz uma influência assustadora de Psicose a O Mágico de Oz – com uma Mia Goth extraordinária, em uma das melhores atuações de 2022.

Disponível: VOD.

2. Crimes of the Future, de David Cronenberg

A ARTE TRIUNFA MAIS UMA VEZ.

O erotismo do choque. O prazer no bizarro. A arte traumática. O Cronenberg original.

Visualmente fascinante, Crimes do Futuro é a ereção do cronenbergiano clássico. É um cinema de choque, mas sobre o prazer que a sociedade tem por sua própria dor. Sua própria violência. Seus instintos mais animalescos. Crimes do Futuro me resgatou ao Cronenberg cru do começo de carreira.

Se você não gosta do cinema do Cronenberg dos anos 60/70, dificilmente gostará ou digerirá esse aqui. Crimes do Futuro é a nostalgia de um homem de quase 80 anos que se permitiu voltar a sua própria juventude para mostrar sua herança. Filmaço.

Disponível: Mubi.

1. Medusa, de Anita Rocha da Silveira

Filme que teve sua estreia mundial neste ano, embora tenha já passado pelo Festival do Rio, é o novo da excelente Anita Rocha da Silveira. Além de ser uma obra assombrosa sobre submissão e feitiço, Medusa é o retrato aterrorizante de um Brasil evangelizado pós-bolsonaro. Talvez seja o filme que melhor represente o horror de uma nação como a nossa, a qual observou, nos últimos anos, a compaixão e a liberdade virarem perseguição e ódio. Essa obra primorosa de Anita Rocha da Silveira carrega dor, política e esperança. É um grito dilacerante.

Disponível: Festivais.

Quais seus favoritos?

Boas sessões!

Compartilhe essa notícia

Escrito por:

Antes de ir

Você pode gostar também

Culturalidades

Relembrar para Sempre, William Friedkin (1935-2003)

Com 87 anos, o cineasta William Friedkin se despede do mundo com um catálogo irrepreensível de obras-primas – do terror ao drama, da aventura a ação – e deixa algumas das melhores histórias do cinema como seu legado. Sua forma de contar histórias era o cinema. Ele deixa várias e, o melhor de tudo, para sempre – além da vida.

Continue lendo >
Críticas

O Mestre da Fumaça tem sessão única em Florianópolis, provoca debate sobre maconha e marca a primeira semana de agosto na Capital

Um roteiro curioso marcou o final de quarta-feira, 2 de agosto, no Villa Romana Shopping, no Cinesystem. Vivendo dia de cineclube, a rede recebeu o filme nacional O Mestre da Fumaça, dirigido pela dupla de diretores estreantes André Sigwalt e Augusto Soares, que gira em torno de uma família de lutadores de Kung Fu amaldiçoada pela máfia chinesa. O filme mistura arte marcial com comédia e o uso da cannabis de maneira espiritual. Logo depois do filme, a Lança Filmes, a Ablaflor e a Santa Cannabis realizaram debate sobre efeitos da cannabis na saúde física e mental. A sessão foi única e exclusiva.

Continue lendo >

Deixe o seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *