Lista: Os Melhores Filmes de Terror de 2023

Chegamos ao fim de mais um ano eletrizante para o gênero de terror.

Desde 2014, eu me dedico a compilar, no encerrar de cada ciclo, uma lista que celebra a excelência e a diversidade inerente ao terror, bem como a sua rica expressão cultural. Em 2023, observamos uma fascinante mescla de tendências, com o revival do gore marcando presença em muitas das obras mais estimulantes do ano, ao passo que a música e a introspecção de compositores sobre sua arte proporcionaram uma camada adicional de profundidade. O cinema de horror experimental também se destacou, capturando a atenção com sua audácia e inovação. Além disso, o crescente clima de tensão global se refletiu em narrativas que exploram o medo de maneira cada vez mais visceral.

A seguir, eu compartilho com vocês os meus 39 filmes de terror favoritos de 2023, selecionados com a esperança de que despertem em vocês o mesmo entusiasmo que senti ao descobri-los.

Os Melhores Filmes de Terror de 2023

39. Mean Spirited, de Jeff Ryan

Uma comédia de terror onde um encontro entre amigos em uma cabana isolada se transforma em um pesadelo quando um espírito com um mau senso de humor decide se juntar à festa.

É um daqueles passeios pelo mundo dos vlogs que tem encontrado suas experiências no found footage moderno. Não é nada brilhante, mas é divertido e capaz de nos fazer reconhecer cada um dos seus personagens.

Disponível: VOD

38. Insidious: The Red Door, de Patrick Wilson

No mais novo capítulo da franquia “Insidious”, a família Lambert enfrenta ameaças do além que estão mais próximas do que nunca, quando descobrem um portal misterioso em sua nova casa.

Uma obra profundamente melancólica de Patrick Wilson, onde mesmo depois de tudo que passamos precisamos continuar e superar. Provavelmente, o filme mais espírita da franquia, mas nem por isso menos bonito ou assustador.

Disponível: Apple TV, Google Play, Amazon Video, Oi Play

37. Satan’s Slaves 2: Communion, de Joko Anwar

A sequência do sucesso de terror indonésio leva a família a enfrentar novamente forças sobrenaturais, desta vez com um culto sinistro que busca realizar um ritual antigo.

É uma continuação eficiente e que demonstra novamente o talento de João Anwar para criar grandes sequências. O terceiro ato num conjunto habitacional vazio e sem luz é um desses belos momentos da carreira do cineasta.

Disponível: VOD

36. Sorry About the Demon, de Emily Hagins

Um jovem que luta contra o coração partido descobre que seu novo lugar está cheio de espíritos inquietos.

Esse filme de Emily Hagins tem o satírico de Richard Bates Jr. e Travis Stevens, mas com mais talento e com um elenco carismático.

Disponível: VOD

35. In My Mother’s Skin, de Kenneth Lim Dagatan

Às vezes esquecemos o quanto contos de fada podem ser aterrorizantes e violentos.

Presa nas Filipinas durante a Segunda Guerra Mundial, uma jovem descobre que o seu dever de proteger a sua mãe moribunda é complicado pela sua confiança equivocada numa fada sedutora e comedora de carne.

Disponível: Amazon Prime

34. 15 Cameras, de Danny Madden

Em uma sociedade sob vigilância constante, uma série de crimes brutais são registrados por câmeras, deixando pistas que apenas um observador astuto pode solucionar.

Diferente dos dois anteriores, 15 Cameras explora o voyeurismo além do convencional, expondo-se numa trama mundana e rotineira de um casal aparentemente comum que se vê num true crime. É certamente o melhor.

Disponível: VOD e Youtube

33. The Breach, de  Rodrigo Gudiño

Uma equipe de cientistas investiga um estranho fenômeno em uma estação de pesquisa remota, apenas para descobrir que algo inimaginável está rasgando a realidade.

O seu interesse no tom lovecratiano é óbvio desde que um telefonema é interrompido na casa em que os investigadores chegam e seus personagens parecem refugos de algum piloto de série de televisão que não deu certo.  Surpreendentemente, no entanto, tudo dá certo. A força dos efeitos práticos do terceiro ato fornecem uma eficácia gigantesca ao mistério e, igualmente, recompensadora.

Disponível: VOD e Youtube

32. Birth/Rebirth, de Laura Moss 

Um conto de renascimento e obsessão onde duas mulheres unem forças em um experimento médico que desafia as leis da natureza.

Esse filme de Laura Moss nos envolve no mito de Frankenstein com uma delicadeza e frieza equilibrada que, por mais que fuja do horror dos filmes da Hammer com Peter Cushing, nos traz a aristocracia e o interesse científico daquelas obras na pele de Marin Ireland (excepcional). Ironicamente, a relação das duas principais personagens com a filha e a construção de seu relacionamento não funciona tão bem quanto elas vivendo suas vidas separadamente.

Disponível: VOD

31. Godless: The Eastfield Exorcism, de Nick Kozakis

Um padre cético e um jovem exorcista são confrontados com um mal incontestável durante um exorcismo em uma pequena cidade, questionando suas próprias crenças.

Esse horror australiano sobre possessão testemunha uma mulher violentada física e emocionalmente – não pelo demônio, mas por uma congregação, por um exorcista e por seu próprio marido. É um filme violento, difícil e extremamente tóxico.

Disponível: VOD

30. Family Dinner, de Peter Hengl

Uma reunião familiar durante a Páscoa se transforma em um banquete de horrores quando segredos sombrios e apetites insaciáveis vêm à tona.

Há algo folk nesta obra perturbadora de Peter Hengl, que cresce sintomaticamente a medida que Simi se dá conta do que aquela família planeja. No fechamento do terceiro ato, o personagem de Michael Pink pergunta para Simi: “o que você esperava? Você já sabia…”. E, de fato, não só ela, como o espectador. Mas o incômodo é o mesmo para ambos.

Disponível: VOD

29. Asvins, de Tarun Teja Mallareddy

Na busca pela imortalidade, um cientista faz um pacto com entidades misteriosas, apenas para descobrir que a vida eterna vem com um preço terrível.

Provavelmente, o filme de horror mais interessante e ambicioso que já assisti da Índia. É o melhor uso do som e da luz no gênero em 2023. A mitologia é instigante, mas as atuações não fazem jus à eficiência técnica do filme. Os primeiros 20 minutos são extraordinários.

Disponível: Netflix

28. Home for Rent, de Sophon Sakdaphisit

Um casal se muda para um lar dos sonhos a um preço inacreditável, só para descobrir que o antigo inquilino ainda tem algumas alegações sobre a propriedade – e não está disposto a deixar ir.

Uma das cenas mais impactantes deste filme de Sophon Sakdaphisit mostra um ritual sendo praticado por um pai desesperado. Ele está cercado. Do que? Não sabemos muito. A segunda metade de Home for Rent é repleta de flashbacks, twists e se imerge ainda mais em figuras desesperadas. A trilha sonora parece a todo momento estar num filme diferente, o que dificulta um pouco o apelo, mas este exemplar tailandês é mais uma prova do por quê o país tem sido tão interessante de acompanhar no gênero de horror.

Disponível: VOD

27. Marui Video, de Yun Jun-hyung

Uma loja de vídeo amaldiçoada oferece mais do que filmes de terror retrô; cada fita esconde uma realidade horrível que ameaça a sanidade dos seus clientes.

Marui Video segue os passos de filmes orientais investigativos que usam o found footage para nos imergir em cenários espirituais assustadores, com rituais, xamãs e cenários inexplicáveis. Você pode ver algo de Yami Douga, The Medium, Noroi ou tantos outros. O final talvez não seja tão forte quanto a jornada, e apenas isso enfraquece um filme que consegue ser muitas vezes arrepiante.

Disponível: VOD

26. Hell House LLC Origins: The Carmichael Manor, de Stephen Cognetti

Descubra as origens do infame Hell House LLC com esta prequel, enquanto um grupo de amigos explora uma mansão abandonada com um passado macabro.

Nunca me interessei muito pela franquia de Stephen Cognetti – até agora. Muito mais interessante e maduro que o primeiro filme, Carmichael Manor é um exercício admirável de found footage que nos envolve em sua montagem atraente e influenciável por diversos outros filmes importantes do subgênero. Talvez seja apenas um pouco maior do que deveria, mas é certamente eficiente.

Disponível: VOD

25. Hermana Muerte, de Paco Plaza

Uma freira é atormentada por visões de morte e destruição. Ao investigar, ela se depara com uma entidade demoníaca que desafia sua fé e sua sanidade.

É perceptível a cada filme que passa que Paco Plaza está no seu auge criativo como diretor. Irmã Morte não é necessariamente melhor que seus filmes anteriores, que ainda são meus preferidos, mas existe uma atmosfera interessantíssima neste filme que conversa com várias outras narrativas europeias da atualidade sobre o mal dentro de um convento afastado.

Disponível: Netflix

24. M3GAN, de  Gerard Johnstone

Um avanço na inteligência artificial dá errado quando uma boneca robô programada para ser a companheira perfeita de uma criança desenvolve vontades próprias.

Divertido, despretensioso e pop – isto é M3gan.

Disponível: Apple TV, Google Play, Amazon Video, Globoplay

23. Saw X, de Kevin Greutert

John Kramer, doente e desesperado, viaja para o México para um procedimento médico experimental e arriscado na esperança de uma cura milagrosa para seu câncer, apenas para descobrir que toda a operação é uma fraude para fraudar os mais vulneráveis. Armado com um propósito recém-descoberto, o infame serial killer retorna ao seu trabalho, virando o jogo contra os vigaristas em seu modo visceral característico, por meio de armadilhas tortuosas, perturbadoras e engenhosas.

O segundo melhor da franquia.

Disponível: Apple TV, Google Play, Amazon Video, Now

22. Run Rabbit Run, de Daina Reid

Uma veterinária é arrastada para um jogo perverso de gato e rato quando uma figura do seu passado retorna com intenções sinistras.

Essa obra perturbadora de Daina Reid cresce a partir da segunda metade, quando os gatilhos da antiga casa de Sarah expõem um mundo em que não se sabe mais o que é real e o que é ficção – no filme ou em sua mente. Há cenas chocantes, como uma envolvendo uma tesoura ou a mãe correndo atrás da filha com uma peça mecânica. O que impede a obra de ser ainda mais forte, talvez, seja a falta de conversa entre a direção de Daina e o roteiro de Hannah Kent.

Disponível: VOD

21. My Animal, de Jacqueline Castel 

Um híbrido de romance e horror, seguindo a história de uma jovem que, lutando com sua identidade, descobre uma conexão selvagem com a noite e as criaturas que nela habitam.

Esse filme de Jacqueline Castel é exatamente o que seu título sugere: um horror sobre o animal reprimido dentro de cada um de seus personagens, que enjaulam seus sentimentos e reais desejos para se adequarem ao mundo que vivem. A obra parece ser irmã de outro filme independente do ano passado, Hellbender, no qual aqui Bobbi Salvör Menuez é a Zelda Adams da vez. A estética de Castel evidencia o equilíbrio entre o desejo e o tormento que abrange sua protagonista, ao mesmo tempo que enquadra os verdadeiros animais.

Disponível: VOD

20. The Puppetman, de Brandon Christensen

Quando um ventríloquo falido descobre um marionete antigo, ele logo percebe que o boneco tem um ato próprio – sedento por sangue e caos.

Brandon Christensen é um diretor que é hábil em criar ambientes hostis e impactantes em estruturas convencionais. Não há nada de novo em seus filmes, e mesmo aqui é influenciado por obras como Hereditário e Maligno, mas suas cenas conseguem ser surpreendente e constantemente eficazes. The Puppetman é mais um desses casos.

Disponível: VOD e Youtube

19. The Pope’s Exorcist, de Julius Avery

Inspirado em eventos reais, este filme segue o principal exorcista do Vaticano enquanto ele enfrenta demônios tanto literais quanto metafóricos na sua missão de fé.

– o que podemos fazer para ajudá-lo?
– Café.

Essa narrativa de um exorcista chefe do Vaticano contra Satanás pode ser uma comédia por vezes involuntária, mas é agradabilíssima. Russell Crowe se diverte como nunca. Só nos primeiros minutos, ele exorciza um Demônio em um porco (!), flerta com freiras e corre com óculos escuros em sua motocicleta da Ferrari. É tão divertido que você esquece da história caótica na qual estabelece que a inquisição espanhola foi fruto de Satanás. É o melhor entretenimento superficial de 2023.

Disponível: Apple TV, Google Play, Amazon Video, HBO.

18. V/H/S/85, de Scott Derrickson, David Bruckner, Mike P. Nelson, Gigi Saul Guerrero e Natasha Kermani

A franquia de antologia de horror retorna com fitas VHS encontradas em 1985.

É provavelmente o filme mais ambicioso da franquia, V/H/S 85 conta com histórias excelentes de Mike P. Nelson, um curioso esforço de Gigi Saul Guerrero, uma trama instigante de David Bruckner sobre uma ameaça multiforme e uma simbiose de A Entidade e Telefone Preto por parte do ótimo Scott Derrickson. Surpreendentemente, o segmento de Natasha Kermani é o mais fraco. V/H/S 85 é o segundo melhor filme da franquia (ainda prefiro o 2) e certamente é o mais lógico.

Disponível: Claro Video

17. The Outwaters, de Robbie Banfitch

Quatro amigos viajam para o deserto para filmar um videoclipe e se deparam com uma presença maligna que transcende a compreensão humana.

The Outwaters não é igual a nenhum outro found footage que você já viu.

É claramente um found footage experimental influenciado por filmes como Enigma de Outro Mundo e pela literatura de Lovecraft. É um filme de evidências. Um horror documental, no qual se permite e se omite de acordo com uma linguagem policial. Não parece um filme montado, mas uma costura de peças policiais de evidências que nos levam a entrar num quebra-cabeça. Quem são as pessoas? Como desapareceram? O que essas imagens podem dizer para nós? Muito pouco. A imagem nos permite assistir a múltiplas coisas que não importam, mas também nos leva a omissão de outras que fazem com que o mistério seja ainda maior. E é proposital. Isso faz com que os personagens se tornem distantes, mesmo que o primeiro ato tente nos envolver em aniversários e encontros pessoais. E pra mim essa falta de imersão fez falta adiante. Fez com que seja um filme mecanicamente muito mais admirável do que emocionalmente. Mas muito admirável.

Disponível: VOD

16. Enys Men, de Mark Jenkin

Uma mulher solitária em uma ilha remota é consumida por forças inexplicáveis que desafiam sua realidade e testam sua sanidade.

Esse pesadelo de Mark Jenkin trata sobre o isolamento de um mulher numa ilha, sob uma redoma de fome, paranoia e recordações. É um filme que repetidamente será associado ao Farol, de Eggers, mas vejo mais similaridade com algo do cinema de Dreyer nos anos 30 ou até mesmo Roeg nos 70. Isto, claro, com um tom experimental característico de Jenkin, que evoca personalidade para o terror da personagem de Mary Woodvine.

Disponível: VOD e Amazon

15. Candy Land, de John Swab

Trabalhadores de um posto de gasolina em uma estrada solitária encontram uma doçura mortal quando um serial killer com um fetiche peculiar faz deles seu próximo alvo.

Candy Land é certamente um título irônico para uma obra que frequentemente evidencia um mundo nada doce. É um horror sobre a malícia, mas uma malícia que pode estar onde não se espera. Há cenas inesquecíveis, como um gozo repleto de sangue e violência, expondo o que de fato aqueles que falam em “purificar” procuram. O filme de John Swab provavelmente será subestimado entre os fãs do gênero, porém é um daqueles exemplares convincentes sobre cultos perigosos, com personagens reais em situações temerosas.

Disponível: VOD, Google Play e Amazon

14. There’s Something Wrong with the Children, de Roxanne Benjamin

Um casal percebe que os filhos dos seus amigos podem não ser o que parecem durante um fim de semana idílico que se transforma em um pesadelo.

“Eu me sinto conectada. Essa é a palavra. É como se eu fizesse parte de algo, tudo fizesse sentido, conectada com esse fogo, essa árvore, esses insetos, e eu quero me sentir assim todo o tempo – como se tudo fosse maior do que eu”.

É isso que uma das personagens profundamente humanas desta obra de Roxanne Benjamin reflete ao lado de seu marido, enquanto as crianças de um casal de amigos dormem em sua cabana. Os seis foram para um final de semana de conexão com o campo, fora da sociedade, fazer uma aventura nas florestas e se reconectar consigo mesmos. A palavra conexão não é aleatória para a diretora Roxanne. Ela está exposta desde a primeira cena, quando os casais têm ações ou comportamentos agressivos que colocam em cheque a relação com alguém íntimo. Quem é a pessoa que você se relaciona há tanto tempo, quem ela pode se tornar e como isso ressoa para os outros? O resumo deste poderoso filme já é testemunhado desde a primeira cena.

Disponível: Globoplay, Now e Paramount.

13. Knock at the Cabin, de M. Night Shyamalan

Uma família de férias em uma cabana isolada é visitada por estranhos que trazem notícias apocalípticas e uma escolha impossível que pode afetar o destino da humanidade.

É um pesadelo pós-pandêmico sobre sacrifício, individualidades e a tênue linha que nos separa de catástrofes.

Disponível: Globoplay, Apple TV, Claro Video e Amazon.

12. Moon Garden, de Ryan Stevens Harris

Uma menina de cinco anos em coma viaja por uma paisagem industrial sombria, seguindo a voz de sua mãe em um rádio transistor para encontrar o caminho de volta à consciência.

É uma das obras mais pessoais e sentimentais do ano. Há uma vibe Tilman Singer, Guillermo Del Toro e Kyle Edward Ball – tudo junto e misturado.

Um pesadelo infantil, sim. Mas um drama adulto.

Disponível: VOD e Youtube.

11. Totally Killer, de Nahnatchka Khan

Quando o infame “Sweet Sixteen Killer” retorna 35 anos após sua primeira onda de assassinatos para fazer outra vítima, Jamie, de 17 anos, viaja de volta no tempo até 1987, determinada a deter o assassino antes que ele possa começar seus assassinatos.

Divertidíssima viagem no tempo comandada pela diretora Nahnatchka Khan com forte influência do slasher metalinguístico contemporâneo, como Terror nos Bastidores e os filmes de Christopher Landon.

Disponível: Amazon.

10. No One Will Save You, de Brian Duffield

Uma mulher que vive sozinha começa a perceber que alguém, ou algo, está observando cada um dos seus movimentos.

Do excelente diretor e roteirista Brian Duffield, o mesmo de Spontaneous, No One Will Save You parece um curta-metragem de 30 minutos esticado, onde a primeira parte inicial é muito mais forte do que os outros dois atos do filme. Mesmo assim, nós estamos falando de um filme de HOME INVASION de Aliens! É sem dúvidas um longa-metragem que trilha o caminho de cineastas como Nacho Vigalondo e Adam Wingard (no início da carreira). Pouca coisa é explicada e, muitas vezes, é um filme de lacunas. Por não ser nada excessivo e se tornar um filme sobre o colapso de uma abduzida antes e durante a abdução, ele é uma experiência mais sensorial do que muitos outros com mesmo tema. Obs. Tem alguns dos melhores alienígenas do cinema (lindos e amedrontadores, como as estrelas)

Disponível: Star +

9. Talk to Me, de Michael Philippou e Danny Philippou

Um ritual para se comunicar com os mortos vai terrivelmente errado para um grupo de adolescentes, que se encontram em uma luta pela sobrevivência contra um espírito vingativo.

Há momentos profundamente perturbadores em Talk to Me. Um dos momentos mais fortes do filme é quando uma personagem com óbvia depressão ouve as vozes de sua mãe em sua cabeça dizendo para matar (ou se matar). Qual a saída da vida tortuosa que vive, afinal?

Em outros momentos, a sagacidade dos diretores em montar um filme discutindo a espetacularização das coisas e de que até falar com espíritos se torna pop na cultura das redes sociais, torna-se uma experiência temática e cinematograficamente envolvente. As cenas mais icônicas são justamente aquelas em que os jovens pedem para entrar no transe – sendo a primeira a melhor delas. Talk to me é um filme organizado, mas no qual as suas relações não são tão organizadas quanto a linha cinematográfica em que estão. É um filme difícil de imergir, mas fácil de admirar.

Disponível: Apple TV e Google Play

8. Where the Devil Roams, de Toby Poser, John Adams e Zelda Adams

Em uma cidade pequena onde todos escondem segredos, uma série de assassinatos brutais revelam que o mal pode estar mais perto do que eles imaginam.

Se Tod Browning estivesse vivo, esse seria um filme que provavelmente imaginaríamos saindo de sua filmografia. Mórbido, cheio de camadas, trágico e instigante. Mais uma obra memorável da família Adams.

Disponível: VOD e Youtube

7. The Blackening, de Tim Story

Um retiro de fim de semana para um grupo de amigos se transforma em terror quando eles são forçados a enfrentar um assassino em série que os caça um por um.

“Ele votou no Trump! Duas vezes”.

Sim, aqui estou gostando de um filme do Tim Story. Mas esse black horror não só é a melhor coisa que ele já dirigiu, como é um dos terrores mais interessantes e inteligentes do ano. O roteiro de Dewayne Perkins e Tracy Oliver é jovem, divertido, cativante e palpável. A química dos personagens é maravilhosa e Grace Byers é uma atriz para ficar de olho. Esqueça Bodies Bodies Bodies. Esse é o filme. Um slasher teen de qualidade.

Disponível: Apple TV, Google, Amazon e Claro Video.

6. New Religion, de Keishi Kondo

Após a morte da filha, a divorciada Miyabi trabalha como garota de programa. Um dia, ela conhece um cliente estranho que quer tirar uma foto de sua coluna. Depois, em outro encontro, os pés dela. Ela logo percebe que cada vez que permite que seu corpo seja fotografado, o espírito da filha se aproxima. Logo resta apenas seus olhos para serem capturados, levando ao colapso da sociedade nesta fantasia ousada, visionária e única.

Essa ambiciosa estreia de Keishi Kondo aborda a vida de Miyabi, após perder a filha num trágico acidente. Tudo em sua rotina passa a lembrar da morte, da violência e da carne, do corpo. Ela passa a trabalhar em um bordel obscuro, onde é crescente a perturbação e instabilidade de seu mundo. Um dia, um cliente decide tirar foto de sua coluna e de partes de seu corpo – isso faz com que a presença da filha esteja cada vez mais próxima dela. Existe uma atmosfera punk sombria que quem ama o cinema de Nicolas Refn, como Pusher, ao mesmo tempo em que é um body horror eficiente e sinistro.

Disponível: VOD e Google.

5. Huesera: The Bone Woman, de Michelle Garza Cervera 

Uma mulher grávida é atormentada por entidades sobrenaturais que desejam algo inimaginável do seu futuro filho.

Esse terror mexicano de Michelle Garza Cervera captura os traumas de uma mãe com as mudanças no corpo, o medo e as inseguranças quanto o pré e pós parto, além de suas relações. Os temores de sua protagonista são mundanos, embora suas alucinações pareçam sobrenaturais. É uma obra sobre se reencontrar emocional e espiritualmente. Um belo trabalho de Michelle, principalmente num debut.

Disponível: Amazon Prime

4. Infinity Pool, de Brandon Cronenberg

Um casal de férias em um resort exótico encontra-se em um pesadelo sem fim quando as leis locais e a realidade começam a distorcer ao seu redor.

A psicodelia dantesca de Brandon Cronenberg, a qual sucumbe seus personagens numa espiral de loucura e animalia que lembra o início da carreira de seu pai, demonstra-se mais uma vez eficaz e poderosa. Em Piscina Infinita ele constrói um novo episódio forte sobre poder, morte, capitalismo selvagem e sexo. Brandon, como seu pai, interessa-se sobre questões profundas como inspiração, a morte do autor e duplicadas, num filme que semeia aos poucos o caos e a autodestruição.

Disponível: Apple, Google, Amazon e Globoplay.

3. Attachment, de Gabriel Bier Gislason

Um romance entre duas mulheres é complicado pela chegada de uma entidade sobrenatural que se apega a uma delas, ameaçando não apenas seu relacionamento, mas suas vidas.

Um folk horror dinamarquês com exorcismo judaico. Uma grata surpresa.

Disponível: Google Play

2. Scream VI, de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett

O mais novo capítulo da franquia Scream leva o terror para as ruas de Nova York, onde um novo Ghostface emerge e os sobreviventes anteriores devem mais uma vez lutar por suas vidas.

Assim como o original, Pânico 6 é um filme surpreendente e óbvio na mesma medida. Diferente do quinto, porém, cujo interesse reside num fan service superficial, o novo filme da franquia finalmente se aprofunda no objeto de culto que Pânico se tornou. Para isso, a dupla de diretores decide refletir sobre o que nos trouxe até uma nova saga e o que a franquia ainda pode entregar sem se despir do seu caráter metalinguístico original. Isso, todavia, não traz a gratuidade de diálogos como “eu ainda prefiro O Babadook”. É mais fundo – e cristaliza honestamente a homenagem que Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin gostariam de entregar desde o princípio.

Disponível: Apple TV, Globoplay, Paramount, Google Play.

1. When Evil Lurks, de Demián Rugna

Moradores de uma pequena cidade rural descobrem que um demônio está prestes a nascer entre eles. Eles tentam desesperadamente escapar antes que o mal nasça, mas pode ser tarde demais.

Não há como escapar do mal.

Essa é a tônica do filme do talentoso Demián Rugna, de Terrified, neste exemplar argentino sobre o mal que se espalha pelas terras, pelas famílias, pelas futuras gerações e, principalmente, pela sociedade em geral. Violento, dinâmico e impactante. É meu favorito de 2023.

Disponível: VOD

E você? Qual seu filme de terror favorito de 2023?

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