Um roteiro curioso marcou o final de quarta-feira, 2 de agosto, no Villa Romana Shopping, no Cinesystem. Vivendo dia de cineclube, a rede recebeu o filme nacional O Mestre da Fumaça, dirigido pela dupla de diretores estreantes André Sigwalt e Augusto Soares, que gira em torno de uma família de lutadores de Kung Fu amaldiçoada pela máfia chinesa. O filme mistura arte marcial com comédia e o uso da cannabis de maneira espiritual. Logo depois do filme, a Lança Filmes, a Ablaflor e a Santa Cannabis realizaram debate sobre efeitos da cannabis na saúde física e mental. A sessão foi única e exclusiva.
O debate contou com Leonel Camasão, jornalista e ativista político, que apresentou projetos ligados à descriminalização da cannabis quando exerceu mandato de vereador em Florianópolis, Raquel Schraam, advogada e vice-presidente da Santa Cannabis (Associação Brasileira de Pacientes de Cannabis Medicinal), Sodré, membro da Marcha da Maconha Floripa, e Francini Gaspodini, professora e Presidente da Associação Brasileira de Acesso a Cannabis Terapêutica Ablafor. A conversa durou cerca de uma hora com troca de experiência entre os debatedores e parte do público da sessão.
Tony Lee rouba a cena em O Mestre da Fumaça
Autoindulgente e autoproclamado o primeiro autostoner movie brasileiro, o filme de André e Augusto busca contemplar uma herança da década de 80 do cinema voltado às artes marciais – e funciona quando embarcamos na viagem de Gabriel para encontrar o tal mestre. Vivido por Tony Lee, o Mestre da Fumaça, é cômico, representativo e excelente na maior parte do tempo, desde sua primeira aparição e primeira fala: “o pior cego é aquele que não traga o baseado que fuma“.
Durante o filme, ainda, há referências óbvias a Karatê Kid e aos filmes de Jackie Chan e Bruce Lee, mas as melhores são aquelas mais sutis – como a de Rocky – O Lutador, encabeçada pela ótima (e surpreendente) trilha sonora de André Abujamra e Eron Guarnieri.
O maior problema de Mestre da Fumaça é claramente sua montagem. Buscando conferir dinâmica com cortes secos e tramas paralelas que não se complementam, o longa parece em momentos um grande épico que fora picotado para encaixar no que de fato os diretores queriam dizer (e por isso, a visita de Gabriel ao grande mestre é a mais coerente). Os contrapontos entre os punhos e as armas, a cerveja e a maconha, a fumaça e os anabolizantes são os recados claros da dupla de diretores. É um filme que não esconde o templo espiritual a que coloca a Cannabis Sativa.