Desde que o Oscar enfrenta problemas de audiência e tem tentado inovar com formatos mais enxutos, com e sem apresentador, com bandas e afins, a Academia de Cinema passa por um processo de declínio que tenta compreender. Como sair? Afinal, o Oscar se tornou banal em 2023. Uma data como qualquer outra, sem apelo, sem interesse, sem paixão. Uma paixão que, aliás, falta aos filmes que concorrem a estatueta mais famosa do cinema.
Foi um processo. Uma marca que afetou toda a indústria, inclusive na escolha de indicados e ganhadores. Existe um caráter de inofensibilidade nos atuais ganhadores. São filmes que não incomodam. Que são no máximo representativos quanto a hipocrisia dos votantes, que esperam estar investindo em filmes alegres e/ou gentis reflexos de suas almas. Esquecem o cinema. Focam na mensagem.
Como resultado, o chamado “filme de Oscar” tem sido cada vez mais flutuante. O que seria um filme de Oscar? Ou um filme ganhador do Oscar? Não são apenas os anos que separam o ganhador do Oscar Silêncio dos Inocentes de CODA. É sua durabilidade. Sua atemporalidade e magnitude. Sua força como cinema. CODA, Green Book e Everything Everywhere All at Once são representantes históricos de seu ano? Ou são apenas filmes sensíveis com a mensagem certa para aquele momento?
Há exceções, como tudo. Em um ou outro ano, aparece um Parasita ou um Moonlight ou até mesmo um Nomadland. Mas a mitigação de filmes complexos, errôneos, polêmicos ou de mensagens dúbias tem cada vez mais sido acentuada. Não há disputa, competição ou interesse em exaltar a força do diferente, mas, sim, uma confirmação sem brilho do que não fará mal a ninguém. É assim um Oscar banal; sem paixão, sem defesa., sem força. Lutando para premiar algo que chame o público pra si, mas ironicamente o afastando cada vez mais.