Se você vai fazer um filme, um álbum de música ou uma pintura, não pode se dar ao luxo de parar e pensar no que as outras pessoas vão pensar disso. Você deve levar em consideração o que seu editor pensa, se, digamos, você for um escritor. Mas não tenho ninguém para responder. Eu faço um filme porque eu quero. Às vezes eles são bem-sucedidos, às vezes não, mas a maneira como penso sobre meus filmes é sempre muito, muito, pessoal.
William Friedkin, 2018.
A consideração que temos com o nosso tempo são as histórias que vivemos e as histórias que deixamos. Com 87 anos, o cineasta William Friedkin se despede do mundo com um catálogo irrepreensível de obras-primas – do terror ao drama, da aventura a ação – e deixa algumas das melhores histórias do cinema como seu legado.
É dele o insuperável O Exorcista, o filme de terror definitivo. É dele um dos filmes de aventuras mais empolgantes e fantásticos da década de 70, O Comboio do Medo. É também dele o poderosíssimo Parceiros da Noite, com Al Pacino, que acompanha um detetive de Nova York que entra na cultura gay underground americana para caçar um assassino em série. Operação França, que rendeu um dos Oscars de Gene Hackman, é dele. Friedkin, inclusive, ganhou o Oscar de melhor diretor por este filme.
Também é dele o irreverente, amável e inteligente Os Rapazes da Banda, de 1970, que é menos celebrado do que deveria. É dele o intenso e excelente Viver e Morrer em Los Angeles. Assim como é dele os recentes (e excepcionais) Possuídos e Killer Joe.
Nasceu em Chicago, faleceu em Los Angeles.
Sua forma de contar histórias era o cinema. Ele deixa várias e, o melhor de tudo, para sempre – além da vida.